Nascido, como muitos outros paraibanos, de família numerosa, José Américo foi o quinto dos onze filhos que sobreviveram. Irmãos de muitos irmãos, nasceu às duas da madrugada de um sexta-feira, 10 de janeiro de 1887, no engenho Olho D'Água.
Na fazenda e no engenho, seu pai, Inácio Augusto de Almeida, enfeixava todos os poderes: casava e batiza. "Era a polícia, o juiz, o médico, o padre. Mantinha a ordem". Abolicionista, alforriou os escravos antes da Lei Áurea, acompanhando tendência comum em seu estado. Morreu cedo, de febre tifóide, e o filho guardou pouco de sua convivência: "só um tanto do físico, de pouca barba... e o bigode ralo e separado no meio". Sobre o contato com o pai, José Américo comenta: "Nunca me tomou nos braços, nem me sentou na perna, mas excedia-se em cuidados".
A mãe, Josefa Leal de Almeida, casou-se aos quatorze anos e teve ao todo quinze filhos: Segundo José Américo, foi esposa perfeita, com seu poder, sensibilidade, disciplina e dela herdou a energia vital bem como a visão precária.
O nascimento de José Américo precedeu de pouco a Abolição e a República que subverteram a vida política brasileira no final do século XIX. Destes acontecimentos, diz ele, "não tomei conhecimento (...) criado à parte, desconhecia o que se passava. Proibiam-me de ouvir conversa. Morto de curiosidade, eu fazia minhas perguntas e impunham-me o silêncio (...) defendiam minha inocência dos assuntos impróprios que entretinham os mais velhos".
Os pendores literários manifestam-se com vigor desde cedo. Conta-nos seu irmãos, Augusto, pouco mais moço do que ele, que os dez anos José Américo redige seus primeiros versos. Logo começa a escrever no jornal da escola e a compor letras para os hinos da tradicional festa da Conceição de Areia. Como ele mesmo diz - e seu irmão reitera - foi menino e rapaz arredio mas destemido. Namorador, em uma época em que tudo conspirava para que se tornasse padre, surrou um rival mais velho que maldosamente o denunciara ao tio padre com o fito de lhe roubar a moça. Com o mesmo destemor que batia, apanhava, sem acovardar-se diante das consequências de seus atos. Nunca hesitava em reagir à injustiça, se necessário com violência.
Com este mesmo desassombro de jovem, combatera mais tarde, como político, os revoltosos de Princesa que ameaçam derrubar o governo de João Pessoa, a que servia. Com vigor físico idêntico assumirá, logo após, a chefia civil da Revolução de 1930 no Nordeste; e comandara bem mais tarde - já em 1950 - exaltada campanha política pelo governo de seu estado.
José Américo de Almeida faleceu em João Pessoa, no dia 10 de março de 1980.