quinta-feira, 29 de junho de 2017

"Verdade"

No universo cultural de Areia, repleto de homens voltados para as letras, não faltou meios de comunicações impressos que propalassem ideias políticas, educacionais, religiosas e etc. 
O primeiro jornal impresso em Areia foi o “O Areiense”, fundado em 1877, por Júlio Silva filho do latinista Joaquim da Silva, e circulou por pouco mais de três anos. Outros jornais de pequena duração também foram impressos em Areia como “O Século” e “A Educação” ambos entre os anos de 1866 e 1883. Já no período republicano circularam os periódicos “A Escola”, em 1890, “O Democrata”, entre 1892 e 1895, “O Mosquito”, entre 1894 e 1896, “O libertador”, em 1895, e o “Cidade de Areia”, de 1899, entre outros.
Dentre todos os jornais que eram produzidos em Areia, o que teve vida mais longa, marcando a história da cidade ao empunhar as bandeiras próprias do século XIX, foi a “Verdade”, um “órgão progressista e noticioso” que desempenhou seu papel informativo e de denúncia entre os anos de 188 e 1896. 
O jornal “Verdade” foi fundado em março de 1888 por Manuel da Silva, já conhecido na sociedade areiense por sua luta a favor da abolição. Não podendo ser diferente Manuel dedicou a maior parte das páginas de seu periódico à luta contra a escravidão. Apesar de não ter uma periodicidade certa, o jornal conseguiu não só discutir a questão abolicionista, mais também diversos temas como o positivismo e espiritismo, a defesa do republicanismo, além de publicar biografias dos filósofos da antiguidade, trazia noções de ciências físico-naturais, de mitologia, de agricultura e principalmente de espiritismo, onde era transcritos texto do jornal “Reformador”, órgão de comunicação espírita do Rio de Janeiro. 


segunda-feira, 26 de junho de 2017

Areia e seus sobrados.

Areia era a cidade dos sobrados, muitas vezes conjugando a casa de morada e o escritório ou a casa de negócio, isso devido ao seu forte movimento comercial. A parte superior destinava-se à moradia, evidenciando o caráter privado do espaço de intimidade da família no mundo urbano, e a parte inferior, reservada às atividades mercantis ou artesanais desenvolvidas pelo dono da casa e sempre aberta ao público em geral.
Muitos senhores de engenho ou lavradores bem sucedidos que viviam no campo boa parte do ano, descalços e com a camisa por fora das calças, quase não se distinguindo dos trabalhadores livres escravos do eito, tinham seus sobrados na cidade, onde ficavam com a família por ocasião das festas religiosas, como a festa da padroeira. Isso sem contar os sobrados destinados apenas à habitação, as vivendas construídas por membros da elite local. Casas de madeira ou de barro, cobertas de palha como as antigas edificações que marcaram o início da vila do Brejo de Areia, somente poderiam ser construídas em locais previamente definidos por postura municipal.  






Francisco de Sales Gaudêncio. Joaquim da Silva: um empresário ilustrado do Império.

sábado, 24 de junho de 2017

Biblioteca e gabinete de leitura.

A Areia que se tornou famosa por sua efervescência cultural e pelo amor às letras foi possivelmente uma das únicas cidades do interior do Império - século 19 - a possuir uma biblioteca e um gabinete de leitura. 
Sendo uma iniciativa de Joaquim da Silva com colaboração de seu irmão, Manuel da Silva, e do Dr. José Evaristo a primeira biblioteca e gabinete de leitura de Areia foi criada em 1871, funcionando num sobrado  (atual Decorama) que pertencia ao pai de Joaquim da Silva, que havia sido construído na esquina da praça do Consumo para receber D. Pedro II, que deveria visitar à Paraíba em 1859. Nesse mesmo sobrado também foi criado um clube de dança, onde Joaquim e as figuras representativas da cidade tinham a oportunidade de bailar aos passos cadenciados pelas mazurcas, polcas e as quadrilhas, tão em voga na época. 
A biblioteca e o gabinete de leitura eram mantidos graças ao empenho de seus associados. 


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Joaquim da Silva

Nascido a três de julho de 1820, Joaquim da Silva viveu sua vida quase toda dedicada intensamente a sua cidade natal: Areia. Aos vinte anos passou a reger a cadeira de latim e francês em Areia e fundou um internato, para o ensino secundário, que manteve até 1882, quando foi residir na capital paraibana. 
Incansável no trabalho em prol de sua terra, Joaquim da Silva foi um dos responsáveis em construir o Teatro Recreio Dramático (hoje Teatro Minerva), instalou ainda a primeira biblioteca de Areia que funcionou no sobrado de seu pai  (onde hoje funciona a Decorama) e criou um clube de dança, com o fim de movimentar o meio social. Como administrador fez calçamentos na cidade e executou os trabalhos da estrada de rodagem na Serra da Onça - entre Areia e Alagoa Grande -, por um traçado que ele mesmo estudara, construiu um poço, onde atualmente está o Banco do Brasil, posteriormente tapado depois da morte de uma menina perseguida pela própria mãe.  
No que diz respeito a sua profissão de fé dizia-se espírita, numa sociedade hegemonicamente católica, realizando experiências em seus grupo familiar onde servia como médium seu filho Júlio Silva. 
Joaquim faleceu no Recife em primeiro de julho de 1889, onde foi buscar a cura dos males que afligiam sua saúde. A causa da morte segundo a nota do jornal A Verdade foi que ele falecera em Recife “onde tia ido em busca de melhoras de seus padecimentos chrônicos da bexiga”.



sexta-feira, 2 de junho de 2017

O último dos coronéis.

Com a morte de José Antônio da Cunha Lima, ou simplesmente Major Cunha Lima, em 11 de setembro de 1979, desapareceu o último representante de um esquema político que marcou o nordeste pela força do quero, mando e posso. 
O coronel veio a falecer aos 93 anos de idade na Clínica Santa Clara em Campina Grande, vítima de um infarto no miocárdio. 
Atendendo uma velha exigência do próprio Major todos moradores de sua propriedade seguiram a pé até a cidade acompanhando seu féretro.