Areia era a cidade dos sobrados, muitas vezes conjugando a casa de morada e o escritório ou a casa de negócio, isso devido ao seu forte movimento comercial. A parte superior destinava-se à moradia, evidenciando o caráter privado do espaço de intimidade da família no mundo urbano, e a parte inferior, reservada às atividades mercantis ou artesanais desenvolvidas pelo dono da casa e sempre aberta ao público em geral.
Muitos senhores de engenho ou lavradores bem sucedidos que viviam no campo boa parte do ano, descalços e com a camisa por fora das calças, quase não se distinguindo dos trabalhadores livres escravos do eito, tinham seus sobrados na cidade, onde ficavam com a família por ocasião das festas religiosas, como a festa da padroeira. Isso sem contar os sobrados destinados apenas à habitação, as vivendas construídas por membros da elite local. Casas de madeira ou de barro, cobertas de palha como as antigas edificações que marcaram o início da vila do Brejo de Areia, somente poderiam ser construídas em locais previamente definidos por postura municipal.
Francisco de Sales Gaudêncio. Joaquim da Silva: um empresário ilustrado do Império.
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