Em meados do século XIX se fixou em Areia, Manoel João Francisco Duarte. Esse português transformou-se em inimigo da Coroa devido ao fato de ter ousado em sonhar com a República. Para continuar livre, teve que fugir para o Brasil e se instalou na então Vila Real do Brejo de Areia. Aqui além do perigo de ser localizado pela Corte enfrentou também a hostilidade dos brasileiros contra os portugueses a quem chamava de “marinheiro” ou “galego”. Todavia aos poucos ganhou o respeito de toda sociedade areiense, pelas suas qualidades pessoas, pelo seu ideal republicano e pelos serviços prestados a comunidade, recebendo assim a proteção de todas contra as forças da monarquia.
Manoel desempenhou diversas atividades como agrimensor, ensinou aos jovens de Areia a tocar instrumentos musicais, a dançar e os orientou para a literatura, como conhecedor de mecânica, ensinou as mulheres a usar as primeiras máquinas de costura que chegaram na região do brejo. Além disso prestou serviços como enfermeiro, já que sabia aplicar injeções e conhecia práticas médicas, tendo assim ajudado muitas pessoas, sobretudo nas constantes epidemias que assolavam a região.
Erradicado em Areia, Manoel casou-se com uma legítima representante da oligarquia areiense, da família Santos Leal, Joaquina dos Santos Leal. O casal morou na propriedade deles, o sítio Lava-Pés, que ficava bem próximo da cidade. A personalidade dos dois, totalmente opostas, ele dotado de um temperamento calmo e paciente, e ela irritadiça, afogada e impaciente, povoou o imaginário da sociedade de Areia. Eles tiveram duas filhas: uma conhecida como Nenen e outra chamada Rita Emerentina. A primeira casou muito jovem e foi residir no Rio Grande do Norte, já Rita contraiu matrimônio com João Rodrigues de Oliveira Melo, dando origem a uma grande família, conhecida pelo sobrenome Rodrigues.
Fonte: Hercílio Rodrigues: Seu Mundo e sua gente. Zuleide R. Rodrigues
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