sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Fundação Cultural de Areia

Em sua residência, em Tambaú, o Ministro José Américo ouve a leitura da ata de inauguração da Fundação Cultural de Areia, feita pelo tabelião José Henrique, ladeado do escritor Virginius da Gama e Melo, Des. Aurélio de Albuquerque e os professores José Rafael de Menezes e Amauri Vasconcelos.



Série: Prefeitos de Areia

9° prefeito - Professor Leônidas Leonel da Silva Santiago.
Prefeito de 1935 a 1937 e entre 1940 a 1942.

Foi na cidade de Areia que no dia 15 de abril de 1888, nasceu Leônidas Leonel da Silva Santiago, filho do casal Antônio Rogério da Silva Santiago e de Maria Tertuliano de Araújo. 

Após estudar o primário em Areia foi para a capital do Estado, em busca da sua vocação. Na capital concluiu o secundário e em seguida ingressou na escola Normal Estadual. Concluindo seus estudos foi diplomando professor em 18 de dezembro de 1912. Aos 25 anos de idade, em 1913, foi nomeado professor substituto da Escola Primária Estadual masculina de Areia, onde "ensinava com entusiamo. Tinha um gosto especial pela geografia, usando já um mapa, que seria desconhecido em outras escolas". Com seu espírito inovador e com sua vocação indiscutível para o magistério o professor Leônidas teve a ousadia de substituir a velha didática da palmatória. Exerceu suas atividades de docente nessa escola até 1927. 

Com a inauguração do grupo escolar Álvaro Machado em 21 de fevereiro de 1928, foi nomeado seu primeiro diretor. Já em 1931 foi promovido ao cargo de inspetor técnico regional de ensino, permanecendo até o final de 1934. 

Casou numa quinta feira, dia 2, do mês de abril de 1914, com Belarmina da Silva Santiago. O casal não teve filhos. 

Em 16 de janeiro de 1935 assumiu o cargo de prefeito de Areia, substituindo Jaime de Almeida, nomeado pelo interventor interino do Estado Dr. José Marques da Silva Mariz.

Com a promulgação da nova constituição do Estado, foi determinada pela primeira vez a realização de eleição para prefeitos, juntamente com a de vereadores. O diretório municipal do Partido Progressista escolheu o professor Leônidas como candidato a prefeito. Dessa forma se afastou das atividades do executivo no dia 02 de agosto de 1935 para disputar a eleição. Foi eleito como candidato único em 08 de setembro de 1935, sendo empossado em 15 de dezembro de 1935.

Em virtude do golpe de Estado dado por Getúlio Vargas em 1937, que instituiu uma ditadura no país, foi decretada intervenção nos Estados e municípios, assim no dia 15 de novembro de 1937 o professor Leônidas foi destituído do cargo. Com a posse do novo interventor do Estado Dr. Ruy Carneiro o professor Leônidas foi nomeado prefeito de Areia em 19 de agosto de 1940, retornado ao mandato para o qual fora eleito.

Em 14 de março de 1942, muito doente licenciou-se do cargo para cuidar da saúde, sendo substituído pelo secretário Rafael Freire da Silva. Com o agravamento do seu estado de saúde "morreu, em 09 de maio de 1942, pobre financeiramente, desambicioso como sempre foi, levando para o túmulo a sua grande vocação para o magistério e a lembranças de tantos alunos, a quem ele tanto se dedicou",

Entre as homenagens prestadas a sua memória, foi denominada uma das ruas da cidade com seu nome, e quando foi fundada a Loja Maçônica na cidade em 1953, foi dado o seu nome por sugestão dos irmãos José Henrique, Rafael Freire e José Correia da Silva.


Pesquisa de Antônio Carlos.


quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

TV da prefeitura.

Em Areia, na década de 70 do século passado, mais ou menos vinte anos após as primeiras transmissões televisivas no Brasil, coube ao então prefeito Elson da Cunha Lima "apresentar" à população mais carente essa "caixa de imagens". Como esses aparelhos eram artigos de luxo o prefeito adquiriu um que foi "instalado" no térreo da prefeitura municipal, assim muitos areienses tiveram seu primeiro acesso a esse tipo de entretenimento.

Até década de 1960 e início de 1970, as práticas de lazer e sociabilidade dos areienses se resumiam ao rádio, aos encontros nas calçadas das residências, aos passeios, as frequentes festividades religiosas e aos almoços de finais de semanas nos sítios e engenhos de familiares.

A aquisição do televisor despertou a curiosidade da população. Os olhares e os comentários dos areienses se voltaram para o térreo da prefeitura. A partir de então os habitantes poderiam não só ouvir, mais também enxergar com seus próprios olhos os personagens que outrora eram distantes, desconhecidos.

A chegada do novo aparelho antes de qualquer coisa representava sinônimo de modernidade e progresso. Dessa forma a presença do objeto causou uma reorientação das pessoas em seus cotidianos, pois fomentou hábitos, proliferou atitudes, incentivou o consumo e mudou a visão do tempo. 

Conta-se que a prefeitura ficava repleta de pessoas que desejavam apreciar e acompanhar a programação televisiva, sobretudo nos horários das telenovelas. Paulatinamente o espaço da prefeitura se constituiu num ambiente de confluência de familiares, conhecidos, amigos e vizinhos. 




Série: Prefeitos de Areia

8° prefeito - Coronel Jaime Augusto de Almeida.
Prefeito de 1929 a 1935.

Nasceu em Areia no dia 25 de junho de 1881, filho do capitão Inácio Augusto de Almeida e de Josefa Leopoldina Leal de Almeida. No ano de 1907 casou-se com Júlia Soares dos Santos Leal, filha de Francisco Simeão Soares da Costa e de Maria Laurinda da Muta Leal.

Após estudar o curso primário com os mestres Targino Calaça Buril e Cândido Fabrício do Espírito Santo, teve que interromper os estudos pela morte prematura do pai em junho de 1899. Dessa forma teve que assumir a administração do engenho, Olho D'Agua, da família pois seu irmão mais velho Inácio Augusto de Almeida Leal estava no seminário onde viria a se ordenar padre.

Apesar de dedicar-se a agricultura acompanhava de perto a política feita pelo tio, Mons. Walfredo Leal que era um dos políticos de maior prestígio no Estado, além das atividades políticas de dois cunhados, Dr. Antônio Simeão Leal (deputado federal) e Alfredo Simeão Leal,  (membro do conselho municipal e prefeito).

Em 1928 seu irmão Dr. José Américo de Almeida foi nomeado por João Pessoa, secretário geral do Estado, e com o rompimento do governador com o Coronel Cunha Lima Filho passou a ser o chefe político de Areia. Em fevereiro de 1929 foi nomeado prefeito de Areia, assumindo em 13 de fevereiro de 1929, permanecendo no cargo até 15 de janeiro de 1935.

Foi um bom administrador, mas sua gestão ficou marcada pela polêmica derrubada da centenária Gameleira quando sofreu forte oposição dos primos Dr. Horácio e Dr. Elpídio de Almeida.

Foi na sua administração em 1933, que foi construído o primeiro coreto na praça João Pessoa, e que foi demolido em 1966. (O coreto atual foi construído na gestão de Ademar Paulino de Lima [1989-1992], que merecidamente tem o nome do prefeito Jaime de Almeida).

A partir de 1935 afastou-se da política, e tendo enviuvado no início da década de 1950, casou-se com Maria José Pio de Vasconcelos.

Veio a falecer em Campina Grande em 03 de outubro de 1963.

Pesquisa de Antônio Carlos Teixeira.



Praça 3 de maio

Se circulava um boato, passava pela farmácia, era discutida numa esquina e iria parar na praça 3 de Maio, a mais faladeira, à calçada de um sobrado, como um jornal falado. Arrolavam os fatos do dia e muita coisa era soprada, num cochicho que queimava o ouvido. Não passava de pequenos casos corriqueiros, sem calúnias, a mentira envenenada.

Em virtudes das chuvas e do frio, as pessoas permaneciam mais dentro de suas casas em intermináveis conversas, onde se falava de tudo, das glórias do passado, comentavam sobre os negócios, a moda, da vida alheia e discutiam os problemas do presente e os planos para o futuro.

As noites escuras, iluminadas apenas pelos candeeiros, eram dedicadas ao jogos de baralho, palavras cruzadas, histórias de alma penada, lendas do folclore da região. E, nas noites de lua, chegavam os cantadores de viola, que com seus vários tipos de cantorias mexiam com os sentimentos das pessoas e fortaleciam as raízes nordestinas.

Dessa forma, no início do século XX, a vida corria em Areia, tranquila, com poucas diversões, mas, sem as grandes preocupações, stress ou angústias dos dias atuais. Os hábitos eram metódicos, repetiam-se por muitos anos. 



José Américo e Padre Cícero.

Em 1950 a eleição para governador da Paraíba teve como concorrentes dois "titãs" da política paraibana: de um lado, José Américo de Almeida, ex Ministro da Viação do governo Vargas, do outro, Argemiro de Figueiredo, que já havia governado o Estado de 1935 a 1940.

Foi um pleito bastante disputado. José Américo contou com o apoio de muitos usineiros, já que o candidato a vice na sua chapa era o usineiro João Fernandes de Lima. Do outro lado Argemiro com o apoio do candidato ao senado e ministro do presidente Dutra, Pereira Lira, bem como do governo do Estado.

Os dois candidatos exploraram bastante os meios de comunicações, como os jornais escritos e rádios. Para conseguir aglomerar um número cada vez maior de pessoas, ambas as chapas, se valeram também da presença de artistas de projeção nacional em seus palanques. Inevitavelmente foi um pleito marcado por grandes comícios, passeatas e por discursos inflamados e agressivos. 

Para fazer frente ao grupo político que contava com o forte apoio do governador do Estado e do então presidente Dutra, que autorizou a concessão de Rádios na Paraíba a Pereira Lira - candidato ao senado apoiado por Argemiro - José Américo se valeu do misticismo religioso bastante presente na época. 

Em plena campanha o areiense, José Américo, mandou confeccionar um boletim que trazia uma foto sua com Padre Cícero, que para muitos nordestinos possuía poderes proféticos. O folheto informava aos eleitores que num encontro ocorrido na fase da grande seca de 1932, o chefe político/religioso do Juazeiro teria dito ao então Ministro da Viação que ele tinha recebido a missão de salvar os nordestinos da seca calamitosa que assolava a região, e que em 1950 seria chamado para salvar a Paraíba de uma calamidade política. 

José Américo soube nesse momento explorar o misticismo religioso construído em torno do conhecido "Padim Ciço" do Juazeiro que na visão de muitos paraibanos teria poderes proféticos, sendo capaz inclusive de adivinhar o futuro.

Como resulto José Américo  foi eleito governador da Paraíba. 











segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Coronel Cunha Lima

José Antônio Maria da Cunha Lima Filho, ou simplesmente Coronel Cunha Lima, aos 93 anos de idade, ainda lúcido, andava a cavalo, como se fosse um rapaz disposto, dirigia diretamente os seus haveres e não deixava um só momento, o seu grande "hobby", a sua distração sempre constante - a política partidária. De mãos abertas, fazia favores a muitos, ele mesmo dava injeção nos moradores do "Mundo Novo", e durante muito tempo o seu prestígio em Areia foi indiscutível. Podia perder a eleição no centro urbano da cidade, mas no elemento rural, a sua força era constante. E ia distribuindo as suas ajudas, os seus favores, sobretudo entre a classe dos mais humildes.


Coronel Cunha Lima na Assembleia Legislativa, participando da última Convenção do ARENA.

domingo, 25 de dezembro de 2016

O Natal no passado de Areia.

Areia, entre as décadas de 10 e 30 do século XX, era uma cidade pacata, animada apenas por alguns eventos festivos que marcavam o calendário e alegravam as pessoas que ali viviam. A comunidade areiense vivia em harmonia como uma grande família, guardando suas tradições e zelando pelos seus valores, tão arraigados naquela gente simples.

O ponto alto da vida social de Areia sempre foi a festa da padroeira, mas logo depois dessa festividade vinha a comemoração do nascimento de Jesus. Sem árvores enfeitadas, nem Papai Noel, ou troca de presentes, o Natal era comemorado. Tudo se resumia a uma festa apenas da religião e de fraternidade comemorada na Igreja com a Missa do Galo e pelas visitas às casas dos parentes e amigos. Algumas famílias preparavam lapinhas, armadas na sala da frente para receber as visitas, que vinham ver os presépios e homenagear o menino Jesus. 

As lapinhas procuravam reproduzir a cena do nascimento de Jesus conforme a versão da Bíblia e a imaginação e possibilidade dos seus realizadores. Todo recurso era utilizado, desde a taboca para a armação da gruta, recoberta com plantas, flores de papel, estrelas de areia brilhante, imagens da Sagrada Família, animais de madeira, gesso, louça ou papel, lagos de espelho e painéis representando a cidade do nascimento de Cristo. A fidelidade ao cenário de Belém não era prioridade, o mais importante era que a lapinha tivesse muitos enfeites e despertasse a admiração dos visitantes. Havia uma verdadeira competição entre elas, e algumas como a de D. Maria Lisboa, durante muitos anos, atraíu um grande número de pessoas da região do brejo para a admirar a beleza.

Na noite de Natal era o momento ideal para se visitar as casa dos vizinhos para desejar boas festas aos amigos e se servir das delícias como queijo do reino, pastéis, bolos e outros pratos, que não podiam faltar nas mesas natalinas, que se não tinham decoração especial, eram oferecidas com toda amizade de uma pequena cidade. O ponto principal da noite era assistir à Missa do Galo que celebrada à meia-noite, era um desafio para as crianças ficarem acordadas até tão tarde. 

Durante o período natalino, se apresentava o pastoril de José Ataíde, onde as moças, vestidas de encarnado e azul cantavam, dançavam e encantavam a assistência, disputando os votos dos seus torcedores. A platéia torcia por seu cordão de preferência e sempre ajudava a subir a bandeira de sua escolha aos gritos e aplausos. 

E assim, entre amigos, os areienses viviam o seu Natal.


Série: Prefeitos de Areia

7º prefeito - Coronel José Antônio Maria da Cunha Lima
Prefeito de 1921 a 1927: de 1937 a 1940 e de 1947 a 1951

O filho do Dr. José Antônio Maria da Cunha Lima e de Inácia Cândida de Melo da Cunha Lima, nasceu em Areia no dia 04 de novembro de 1886.

O pequeno José Antônio Maria da Cunha Lima Filho teve suas primeiras lições escolares com os mestre Cândido Fabrício do Espírito Santo Filho e Anacleto de Barros e Miguel Arcanjo Gouveia. Por possuir um espírito inquieto não se adaptou as salas de aula, assim logo depois de terminar o curso primário, resolveu se dedicar a agricultura, se tornando o braço direito de seu pai que vivia ocupado com a política e a advogacia.  

A partir de 1915 começou a se envolver com a política. No dia 02 de dezembro de 1921 foi nomeado prefeito de Areia pelo presidente do Estado Solon de Lucena, substituindo seu cunhado Juvenal Espínola de França, permanecendo no cargo até 17 de setembro de 1927.


Com a morte de seu pai em 05 de setembro de 1928, assumiu o comando político da família e a chefia política de Areia até 1929, quando foi destituído por João Pessoa. 


Entrou no ostracismo político depois da Revolução de 1930 por ser perrepista, mas no governo de Argemiro de Figueiredo voltou a ter prestígio tendo sido nomeado prefeito em 16 de novembro de 1937, ficando no cargo até 29 de julho de 1940.


Com a redemocratização do país ingressou na UDN e foi candidato a prefeito de Areia no pleito de 12 de outubro de 1947, quando foi eleito com 1862 votos contra 491 votos do candidato do PSD Inácio Evaristo da Costa Gondim. Assumiu a prefeitura em 04 de dezembro de 1947, e o mandato foi até 30 de novembro de 1951.

Voltou a disputar o cargo de prefeito em 1959, quando perdeu para seu ex-aliado Dr. Nilo D'Avila Lins por 04 votos. Esse pleito foi tão acirrado que mais de 50 anos depois ainda se contestava o resulto por suspeitas de fraudes na apuração.

Em 1963 disputou sua última eleição quando foi derrotado por seu sobrinho e arqui-inimigo Dr. Élson da Cunha Lima, que teve apenas 23 votos de diferença, numa eleição bastante tumultuada.

Solteiro por opção criou quatro sobrinhos que ficaram órfãos, filhos de sua irmã Berta Áurea e de Bartolomeu de Barros Correia. Foi uma das maiores lideranças políticas da história de Areia com prestígio em toda a região e amigo dos principais políticos do Estado com exceção de José Américo de Almeida de quem era inimigo pessoal. Faleceu em 11 de setembro de 1979 aos 93 anos de idade.

Pesquisa de Antônio Carlos
Obs: republiquei a matéria devido a um problema na outra



sábado, 24 de dezembro de 2016

Areia

Minha cidade é pequenina,
Mora branca e risonha lá na serra.
E não cresceu. Teve essa sina,
Sempre e sempre a mesma terra.
Nunca mudou – cidadezinha do norte –
Com a sua figura doce e calma, 
Nem mudará até a morte,
Para ter sempre a mesma alma.
Minha cidade serrana
É a mesma desde eu menino,
Mas sendo, como é, sensível e humana,
Está também cumprindo o seu destino.
Se não cresce, é pela idade,
Já sendo o que tem de ser.
Não cresceu na mocidade
E já passou a idade de crescer... 

(José Américo de Almeida, Quarto Minguante).


Areia: origem

Areia teve origem provavelmente em fins do século XVII e princípios do século XVIII. Em meados do século XVII o território do atual município era conhecido como Sertão dos Bruxaxás, por causa dos índios Bruxaxás que dominavam primitivamente os montes verdes da serra da Borborema.

Inicialmente não passava de um curral, um cruzamento íngreme de caminhos, para o recolhimento do gado que vinha do sertão, com destino aos mercados do litoral. Por essa época, no local onde hoje se ergue a cidade, um desbravador português de nome Pedro, que pela amizade desenvolvida com os índios recebeu a alcunha de Bruxaxá, construiu um albergue à margem do cruzamento de estradas muito frequentadas pelos viajantes que provinham de Pernambuco ou do alto sertão e dirigiam-se para Mamanguape e a capital, ou vice-versa. Ao lado de Pedro Bruxaxá como desbravador desse território figura também o major Joaquim Gomes da Silva, senhor da propriedade “Lameira” em Guarabira.


Muito cedo o povoado começou a crescer, a mudar de fisionomia, a espalhar-se pelos terrenos escassos da lombada da serra. E a despeito do progresso que o tempo operava, aquela ruazinha de aspecto maltrapilho, que deu lugar ao nascimento da localidade, continuou pelo espaço de dois séculos a exibir-se na indigência de seu traje, um agrupamento de casas de palha, bem à entrada da cidade, do lado oriental. Mais ainda se humilhava com o apelido que lhe botaram de Rua do Grude, por causa das constantes brigas que ali se desenrolavam (ALMEIDA, H., 1957, p.12).


Paulatinamente correu a fama da exuberância das terras do Sertão do Bruxaxá entre os tropeiros de distantes sertões. Colonos de Pernambuco e viajantes estrangeiros atraídos pelos pontos de cal branca, fortemente iluminados, comunicando vida urbana numa crista de serra trilhada por pequenos cursos de água, dando lugar a histórias e lendas que até hoje repercutem na cidade. A riqueza de versões, de histórias e lendas indica a projeção, não apenas local, mas na colônia inteira, do pequeno povoado que o alvará de D. João batizou de Vila Real do Brejo de Areia.

Como passagem obrigatória e ponto de encontro para boiadeiros, comboieiros, tropeiros e passantes, o local logo atraiu habitantes que em pouco tempo ajudaram a formar um próspero povoado que passou a chamar-se de “Brejo de Areia”, devido correr nas imediações um riacho de nome Areia. Servida por algumas vias de comunicação, pelo fomento da agricultura e do comércio a então Vila Real do Brejo de Areia passou por um período de expansão, sendo construídas muitas casas de taipa e de alvenaria bem como a construção de uma igreja, transformando assim toda fisionomia local.







sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Religiosidade areiense.

Enquanto cidade interiorana, entre os séculos XIX e o XX, Areia era caracterizada, sobretudo por uma vida social marcada principalmente pela ausência de um dinamismo próprio, destacando-se nesses momentos históricos apenas as festas religiosas como principal distração das massas. Assim sob os conselhos da Igreja à sociedade participava das cerimônias de devoções públicas, que aconteciam tanto dentro quanto fora dos templos: como as celebrações da Semana Santa, das frequentes procissões, novenas, romarias e das santas missões.

O clímax da vida social de Areia era então a festa da Conceição que se realizava entre 29 de novembro e 8 de dezembro, tendo programação religiosa e profana em todas as noites. Havia toda uma preparação para a festa da padroeira, as pessoas “mais importantes” ajudavam ao Padre a organizar a festa. As crianças da paróquia preparavam as bandeiras de papel colorido para enfeitar as ruas e o pavilhão, as moças se dedicavam em confeccionar as flores de pano para decorar a igreja e o andor da santa. Além disso, alguns areienses considerados intelectuais eram incumbidos de elaborar o jornalzinho da festa. Na realidade circulava durante essa festa alguns jornaizinhos, como O Chicote que possuía um viés editorial bastante humorístico, nele se criticava vários personagens da sociedade areiense. Essa forma de humor segundo Horácio de Almeida (1957) não sofria censura, pois era visto como uma espécie de divertimento em um contexto de festa, ou seja, essa imprensa escrita era um meio usado pelos cidadãos para que pudessem rir uns dos outros.

Inevitavelmente a festa da Padroeira mobilizava a população de Areia antes, durante e depois da sua realização. "A festa de Conceição iniciava-se dez dias antes do dia oito de dezembro. Todos se aprontavam. Em João Pessoa e Recife, vestidos confeccionados por costureiros especiais. (...) As mães e pais se mexiam. Uns para tirar o dinheiro dos bolsos e as mães a viajarem com seus jovens. Pelo menos duas mudas de roupas deveriam ser adquiridas" (ALMEIDA, Z., 2010, p.191).


O primeiro dia da festa, logo pela manhã, era marcado pela retreta da banda de música Abdon Felinto Milanês, que desfilava pelas ruas da cidade acordando o povo para se prepararem para a festividade religiosa: uma missa às cinco horas da manhã seguida pelo hasteamento da bandeira. Ao anoitecer em frente à Matriz, o Padre juntamente com o Prefeito hasteavam a bandeira de Nossa Senhora da Conceição, sob a aclamação pública. Logo depois ricos e pobres adentravam na Igreja para a novena rezada pelo Padre e cantada pelo coro da igreja. Depois da novena começava na praça central a festa profana. Os mais pobres se deslocavam para as ruas laterais e os ricos ficavam no pavilhão central, que possuía muitas mesas, onde as famílias mais influentes se reuniam todas as noites para os festejo. “Mesmo em festas religiosas, as classes sociais não se misturavam, embora todos se divertissem, cada um em seu lugar” (RODRIGUES, 1998, p.52).

A festa na rua consistia em girândolas, salvas, fogos de artifícios e na quermesse. Para os jovens esse era o momento dos namoros, a oportunidade de burlar algumas regras. Verifica-se então que as festas se tornaram a ocasião mais propícia para uma maior interação social. “Durante nove dias a cidade se apresentava engalanada, no garbo de sua magnificência, como se estivesse em núpcias com a imaculada Conceição” (ALMEIDA, H., 1957).

Procissão da festa da padroeira no início do século XX 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Areia no início do século XX

Areia entrou no século XX como um velho guerreiro cansado, honrado e digno, revivendo as glórias alcançadas no passado, quando se destacava no cenário político da Paraíba e nas lutas patriotas, onde seus filhos davam exemplos de bravura. A cidade declinava, o seu povo caía em um descanso recuperador das forças gastas no passado e ficava a refletir sobre os rumos a seguir no futuro. 
Os novos tempos, iniciados a partir de 1900, foram marcados pelas mudanças de comportamento dos areienses. Usufruindo da paz proporcionada pelo cenário bucólico e tranquilo da cidade adormecida o cidadão areiense dedicou-se mais à vida familiar, aos cuidados do engenhos e ao comércio, onde os negócios eram feitos com base na palavra dada, quando realmente valia mais um fio de barba do que qualquer documento escrito. 


sábado, 17 de dezembro de 2016

Construção da Prefeitura.

Foto da construção da Prefeitura de Areia (1967). Obra idealizada por Elson Cunha Lima. 
A partir de então o executivo teria uma casa própria, pois até então funcionava na Câmara Municipal.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Cadeia Pública

Em 1849 foi construída a cadeia pública que, durante 70 anos, existiu entre a imemorial gameleira e a igreja do Rosário. No mesmo ano em que foi construída desmoronou-se, sendo, em seguida, reedificada e posta em funcionamento. Era um vistoso edifício em forma quadrangular, bem disposto em seus compartimentos internos. O pavimentos térreo servia de presídio, quartel e enfermaria, funcionando no andar superior o Paço da Câmara Municipal e o salão do Júri.

Por muitos anos a cadeia velha serviu a seu destino, mas na segunda década do século XX ameaçou novamente ruir. A formiga saúva, em boa hora, solapou sorrateiramente os alicerces do edifício, como se estivesse colaborando inconscientemente, pelo ressurgimento de uma era de conquistas, à base da inteligência.

Aconteceu, então, um fato digno de nota, que honra as tradições da velha cidade serrana. Estando o prédio abandonado, entenderam os areienses de pleiteá-lo do governo para construção de um colégio no local, porque onde fora o cárcere devia ser uma escola.

Em pouco tempo foi o prédio demolido e levantado outro no lugar, tendo sido lançado a pedra fundamental em setembro de 1922, em comemoração ao primeiro centenário da independência do Brasil.

Fonte: Brejo de Areia. 

Antiga cadeia de Areia, em cujo local foi construído o Grupo Escolar Álvaro Machado, transformado depois no Ginásio Coelho Lisboa e atualmente é o Colégio Ministro José Américo de Almeida.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Mercado Público Municipal

No mercado, podia-se encontrar de tudo: carne, frutos do mar, arroz, feijão, verduras, farinha, macaxeira, inhame e etc. 
O objetivo do prefeito era claro com a construção do novo mercado: viabilizar um novo espaço, amplo e higiênico, para os comerciantes e ceder o terreno do antigo mercado, depois de sua demolição, para que no local fosse construído a agência do Banco do Brasil. 
O mercado Municipal de Areia (imagem) começou a ser construído, na rua Manoel da Silva, nas imediações do Cemitério, para substituir o mercado velho, que funcionava na rua Dr Cunha Lima, por iniciativa do então prefeito Manoel de Azevedo Maia. A obra foi concluída e inaugurado em 1959. 
Por muitos anos foi o principal endereço para compras em Areia. Na década de 70, do século XX, começou-se a cogitar a demolição do edifício para construção de outro mercado (o atual), o que se concretizou na segunda gestão do prefeito Elson da Cunha Lima.



Família Leal: Josefa Leal de Almeida

Josefa Leal de Almeida (imagem), uma das matriarcas da família Leal, mãe de José Américo. O tronco da família Leal em Areia, ancestrais de José Américo, pelo lado materno, teve origem com José Antonio dos Santos Leal, que viera de Recife, bem como o chefe liberal Joaquim José dos Santos Leal, comandante da guarda nacional, deputado provinciano e comandante da Revolução Praiera. Outro que fazia parte da família Leal foi o Dr. Antônio Simeão dos Santos Leal, que foi político, promotor de Areia, juiz de direito da Comarca de Cuité. Um dos últimos grandes personagens dessa família foi o mosenhor Walfredo Leal que governou a Paraíba.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Casa Comercial

Pertencente ao coronel Antônio Pereira dos Anjos essa casa comercial, com onze portas e uma águia no frontispício (imagem), era uma das maiores do interior da Paraíba. Com sua visão empresarial Antônio P. dos Anjos, aproveitando o fato de Areia já ter iluminação pública, que funcionava com 12 lampeões a querose, instalada em 1884 e ampliada em 1893, o que viabilizava a possibilidade de ter seu comércio funcionando até tarde, inaugurou seu empreendimento no centro da cidade, num local bem movimentado, no início do século XX. Inevitavelmente se tornou a casa mais frequentada e procurada por toda sociedade já que nela se vendia absolutamente de tudo. 
Por ser um homem muito rico, conhecedor e fascinado pelas novidades dos tempos modernos, Antônio Pereira adquiriu o mesmo aparelho, inventado por Graham Bell, que havia deixado extasiado o imperado Dom Pedro II na exposição Internacional da Filadélfia,  Estados Unidos, em 1876, pra sua casa comercial: um telefone. Coisa até então não vista no Brejo de Areia. 
Além de empresário Antônio foi político , tendo sido presidente do conselho municipal entre 1913 a 1916. Ele era o bisavô do saudoso historiador Tancredo Torres.



Série: Prefeitos de Areia

6° prefeito - Tenente Juvenal Espínola de França
Prefeito de 1915 a 1921 e de 1927 a 1929

Juvenal Espínola de França, nasceu em Mamanguape no dia 15 de Janeiro de 1873, filho de Américo José de França e de Joaquina Elisabete Espínola.
Após estudar o primário e o secundário, ingressou no exército onde chegou a patente de primeiro tenente. Seu contato com Areia foi influenciado pela  foi jovem Maria Eugênia da Cunha Lima - filha do Dr. José Maria da Cunha Lima - com quem casou. Desse enlace nasceram os seguintes filhos: Ranulfo da Cunha França, José Mário da Cunha  França, Gentil da Cunha França Juvenal Espínola de França filho (Juju).
Após se reformar do exército, passou a residir em Areia, e com a volta do seu sogro Dr. Cunha Lima recebeu a chefia política de Areia em 1915. Foi nomeado prefeito de Areia em 22 de junho de 1915, assumindo o cargo em 28 de junho. Administrou o município até 02 de dezembro de 1921. Foi secretário da prefeitura de 1925 a 1927, na gestão do seu cunhado coronel Cunha Lima Filho. 
Foi novamente nomeado prefeito em 15 de setembro de 1927, permanecendo no cargo até 24 de janeiro de 1929. Foi ainda deputado estadual (1928-1930).
Faleceu em João Pessoa no dia 20 de maio de 1952.

Pesquisa de Antônio Carlos Teixeira


Bairro da Jussara

Por volta da década de 1980 a Usina Santa Maria começou a entrar em franco declínio, sendo concretizada sua falência em 1992. Diante da decadência, do desemprego, muitos de seus trabalhadores se viram obrigados a migrarem tanto para o entorno do material falido da usina, para outras cidades, quanto para as periferias de Areia.
Esse fluxo migratório ajudou a intensificar o crescimento desordenado da cidade, por uma massa de trabalhadores que se viam em condições financeiras difíceis e que buscavam oportunidades a partir de então em outro espaço, na zona urbana. 
Uma dessas áreas ocupadas foi o Bairro da Jussara (imagens).





domingo, 11 de dezembro de 2016

Epidemia de cólera-morbus em Areia

Até 1855 em Areia, enterrava-se os mortos nas igrejas e em suas mediações. Em 1856 foi preciso improvisar um campo santo no local onde existe o atual cemitério (imagem), pois a cidade foi assolada pela epidemia do cólera-morbus (segundo Irineu Pinto houve 3.308 mortos em menos de dois meses). Os defuntos eram carregados em redes e depositados uns sobre os outros, enquanto os coveiros abriam valas para sepultá-los. Aconteceu que do amontoado de cadáveres alguns chegaram a levantar-se, assombrados consigo mesmo e ainda mais com os coveiros. É que não estavam bem mortos quando foram levados pelos carregadores, na pressa que se davam de enterrar os coléricos.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Carta: Viagem das irmãs Franciscanas

Carta da Beneditina madre Gertrud ao Padre João Coutinho, vigário de Areia (1937), mostrando os preparativos para viagem das irmãs alemãs que iriam se instalar no Colégio Santa Rita.


A Gameleira

O céu verde de Areia, a árvore que era um dos orgulhos da cidade . 
A cidade chorou pela gameleira morta.


Série: Prefeitos de Areia

5° prefeito - Alfredo Simeão dos Santos Leal. 
Prefeito de 1912 a 1915.

Nascido em Areia no dia 27 de junho de 1875, Alfredo Simeão era filho de Francisco Simeão Soares da Costa e de Maria Laurinda dos Santos Leal. Eram seus avós paternos: Francisco Simeão Rodrigues Soares da Costa e Matilde Maria do Espirito Santo. Os seus avós maternos eram: Manoel Joaquim da Mota e Justina dos Santos Leal.
Casou-se com Maria Amélia Leal de Almeida, filha de Inácio Augusto de Almeida e de Josefa Leal de Almeida. Desse enlace nasceu; Jose Simeão Leal, Maria da Neves e Júlia.
Alfredo Simeão dedicou-se ao comércio tornando-se um um dos maiores empresários de Areia, ao mesmo tempo em que ingressava na politica.
Em novembro de 1900 com a dissolução do Conselho Municipal, foi nomeado membro da Comissão Municipal, assumindo interinamente o governo municipal. Foi eleito conselheiro municipal para o período de 1901 a 1904, também vice presidente de 1901 a 1903 e presidente em 1904.
Em 18 de dezembro de 1912, foi nomeado prefeito em substituição ao Major Remígio D'avila Lins, permanecendo no cargo até 22 de junho de 1915. Na sua administração, no ano de 1914, que foi construído o prédio do Paço Municipal, para servir de sede para a prefeitura, Conselho Municipal e sala Do Juri (é o atual Prédio da Câmara Municipal).
Com a morte de seu irmão Dr. Antonio Simeão Leal em 1921, deixou a politica, mudou-se para a Capital do Estado onde estabeleceu-se como comerciante. Faleceu em 05 de março de 1963 em avançada idade.

Pesquisa de Antônio Carlos Teixeira


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A Gameleira

Todos amavam a árvore velhinha, majestosa, enrugada. Era um dos orgulhos de Areia. Um dia quiseram derrubá-la, quando já não podia mais com os ventos, quando os galhos apodreciam, as folhas perdiam a verdura. A cidade chorou pela gameleira morta. Ainda hoje se fala da árvore tutelar como de uma avó muito querida.

Celso Mariz


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Brasão

O Município de Areia oficializou seu Brasão pela Lei nº 130, de 19 de maio de 1973.

Descrição do Brasão

As cinco arruelas de vermelho em campo de ouro, são atributos heráldicos tomados às armas da família Taveira  em alusão ao Coronel Marias Soares Taveira que, em 1725, solicitou os direitos de propriedade das terras onde floresceu a cidade. As quatro estrelas de vermelho (de seis raios) simbolizam as principais campanhas liberais e republicanas sustentadas pela cidade, tais como, a Revolução de 1817, a Confederação do Equador, a Revolução Praieira e a Revolução do Quebra-quilos. As cores vermelho e ouro pode ser a primeira contida nas armas da família Figueiredo e as duas nas armas da família Almeida e da família Henriques, reverenciam três insignes filhos da Paraíba – nas artes, Pedro Américo, na vida eclesiásticas, Dom Adauto e nas letras e na vida pública, o Ministro José Américo de Almeida. Simbolizam também todas as famílias areienses que, entrelaçados genealogicamente, formam o patrimônio moral do presente que se projeta para o futuro. O lema PUGNUS ROBORATUS ( Fortaleci-me nas lutas ) é alusivo ao glorioso passado da cidade.


Série: Prefeitos de Areia

4° prefeito de Areia - Remígio Veríssimo D´Avila Lins 
Prefeito em 1900 e entre 1908 a 1912.

Nasceu em Areia no dia 13 de setembro de 1846, filho do Coronel Remígio D´Avila Lins e de Maria Carolina Augusta de Albuquerque. Era neto pelo lado materno do Capitão-Mór Bartolomeu da Costa Pereira, e irmão do primeiro prefeito de Areia Dr. Jose Elias D´Avila Lins. Agricultor bem sucedido, foi nomeado Coletor Estadual de Areia em 1890, e permaneceu no cargo até 1900. Foi Chefe político de Areia de 1895 a 1898.
No início de 1900 foi nomeado Prefeito de Areia substituindo Jose Cabral de Vasconcelos, ficando até 26 de outubro do mesmo ano, quando os cargos de prefeitos foram extintos.
Eleito Conselheiro Municipal, fez parte do Conselho Municipal (Câmara) no período de 
1905 a 1908, sendo vice- presidente em 1905 e presidente de 1906 a 1908.
Em 30 de dezembro de 1908 foi nomeado prefeito de Areia, no lugar de Dr. Otacílio de Albuquerque, permaneceu no cargo até 15 de dezembro de 1912.
Casado com Miquelina Olindina de Barros Araujo, tiveram os filhos; Remigio D´Avila Lins Filho, Coronel do Exército Estevão D´Avila Lins, Dr. Jose D´Avila Lins (deputado Estadual e prefeito da Capital), João D´Avila Lins, Dr. Nilo D´Avila Lins (vereador e prefeito de Areia], Dr. Antonio D´Avila Lins (deputado Estadual e Federal), Ana D´Avila Lins, Maria e Olindina, todos nascidos Em Areia. 
Faleceu em 15 de dezembro de 1930 em João Pessoa.

Pesquisa de Antônio Carlos Teixeira.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A música salvou o Teatro Minerva da destruição

Em 26 de novembro de 1874 a velha cidade, Areia, recebia a invasão de centenas de sediciosos armados, sob o comando de Alexandre Viveiro, célebre nos anais do crime e com acentuado entusiamo de anunciar tragédias. Dias antes, no entanto, Cleodon Clementino, um dos indicados como líder da chamada Sedição do Quebra-Quilos, estivera em Areia para aconselhar a população a receber os revoltosos com foquetes e girandolas, o que foi feito para aplacar a ira da turba, embora no interior dos lares houvesse tristeza e silêncio. Em Areia e outras cidades do interior paraibano, os insurretos cometeram os mais impetuosos atentados ao patrimônio local, notadamente em Campina Grande, Fagundes, Bananeira, Cabaceiras, Ingá e Alagoa Nova. Em Areia, foram saqueadas as lojas de maior importância, a Coletoria, a Cadeia Pública, o Cartório e a Câmara Municipal. Os amotinados procuraram, até o local onde se achava sepultado o corpo do juiz de direito de Areia, Dr. Araújo Barros, para exumar-lhe os restos mortais e incinerá-los, pelo fato de ter sido ele maçom. “Por uma trágica coincidência, no mesmo momento, outros atentavam contra a incolumidade do Teatro, quebrando a moldura, e rasgando o retrato do Imperador, despedaçando lampiões estilhaçando vidros, candeeiros e ameaçando demolir o edifício, sob o pretexto de ser o mesmo casa de maçonaria. Na tentativa irrealizada da derrubada do Teatro, o major Lelis Pontes, que entrara ostensivamente à frente dos amotinados, os demoveu do criminoso intento, prometendo-lhes que veria vir a Banda de Música local para os distrair. Para tal foi convidado o Capitão Cândido Fabrício do Espírito Santo tabelião e professor de música, para se apresentar com a banda a fim de entreter os populares. Eis como foi composta a Banda de Música para o prazer dos sediciosos”.
Dizem os antigos habitantes de Areia que a música salvou o Teatro da destruição total, ante a fúria incontida dos revoltosos do Quebra-Quilos. Os amotinados dançaram e cantaram ao som da Banda Plenix Musical de Areia, em frente ao Teatro, onde a música exerceu forte contingente de despistamento emocional em detrimento do objetivo já iniciado: a demolição do edifício do Teatro.

Obs: essa foto é mais antiga do Teatro que se tem notícia. 

Manuel de Cristo Grangeiro e Melo e a música em Areia

Em Areia um dos personagens que contribuíram para a valorização da cultura da cidade na arte da música foi Manuel de Cristo Grangeiro e Melo, que chegou a cidade por volta de 1820. Instalado na cidade logo abriu uma escola de música e organizou um conjunto musical.

(...) Organizou, em 1847, a primeira banda de música que teve Areia, desde logo considerada excelente. A corporação da banda era formada pelo corpo da guarda nacional, ao tempo em que Joaquim José dos Santos Leal era seu comandante, e mantinha-se às expensas da unidade militar a que pertencia, nada custando aos cofres públicos. (ALMEIDA, 1958, p. 193)

Entretanto em 1856 a cidade de Areia chorou a morte de Manuel de Cristo, vítima da colera morbus. Com a morte dele quem a assumiu o comando da banda de música local foi seu filho Tristão Grangeiro de Melo, que logo deu um nome a banda: Fénix Musical.  O conjunto percorria várias localidades da região nordestina e nas festas religiosas adquiriram exclusividade de suas apresentações musicais, nos festejos das padroeiras e padroeiros das cidades.
Esse conjunto musical era constituído essencialmente pela presença masculina. As filhas de Manoel de Cristo, apesar de serem excelentes musicistas, se limitavam em tocar e cantar no côro da igreja. Isso por que dentro da sociedade patriarcal areiense lugar de mulher era dentro de casa, e o máximo que podiam participar da vida pública da cidade era tocar na igreja, ou seja, ir pra missa. Dessa forma não podiam participar da banda que o pai havia criado, e o irmão dava continuidade, pois a mesma se apresentava em ambientes que não eram vistos como adequados para mulheres ou moças de bem, religiosas e de família como eram. 
Atualmente a banda de música de Areia se chama Abdon Milanes. Ela recebeu esse nome em homenagem ao maestro Abdon Milanez, nascido em Areia em 10 de agosto de 1858. Milanez foi engenheiro e músico, ocupou o cargo de auxiliar da estrada de ferro D. Pedro II, em 1881. Na música foi aluno e participou da banda de Tristão Grangeiro de Melo. Sua primeira obra de fôlego foi opereta Donzela Theodora, apresentada em 1886, com letra de Arthur de Azevedo, que obteve grande sucesso nos teatros do Rio de Janeiro. Abdon Milanez também foi autor de muitas peças teatrais, e como musicista fez a música do hino da Paraíba em parceria com o areiense Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo, que foi responsável pela poesia do hino. (RIBEIRO, 1992).


Série: Prefeitos de Areia

3° prefeito de Areia - Otacílio Camelo de Albuquerque. 
Prefeito de Areia entre 1904 e 1908.

Nascido no dia 21 de fevereiro de 1874, em Areia, filho de João Aureliano Camelo de Albuquerque e de Mariana Borges da Fonseca, Otacílio estudou o primário com o prof. Targino Calaça Buril e o secundário com seu tio prof. Francisco Xavier Júnior.
Em 1892 com o secundário concluído assumiu a cadeira de Instrução Primária substituindo seu antigo Mestre. Nesse mesmo ano assumiu a redaçâo do Jornal "A Verdade" substituindo Xavier Júnior.
Sentido a necessidade de dar continuidade aos estudos em 1895 foi para o Rio de Janeiro onde ingressou na Faculdade Nacional de Medicina, concluindo o curso em 1900. Voltando para Areia passou a exercer sua profissão de médico.
Em Outubro de 1904 recebeu de Alvaro Machado a chefia política de Areia, por ser considerado uma pessoa neutro nas brigas entre as facções política de Dr. Cunha Lima e Dr. Antonio Simeão leal.
Foi nomeado prefeito de Areia em 23 de dezembro de 1904, em sua gestão foi construído o primeiro Mercado Público da Cidade. Ficou no cargo até 30 de dezembro de 1908, quando foi nomeado prefeito da Capital do Estado.
Assumiu o cargo de deputado estadual em duas legislaturasemanas  (1908 e 1911; 1912 e 1915). Foi também deputado federal (1915-1917; 1918-1920; 1921-1923; 1924-1927). Sua última atuação na política foi enquanto  senador (1923-1924).
Do casamento com Zulmira Coelho Ribeiro nasceram os filhos: Amarílio, Ducelina, Jair, Togo, João, Paulo e Marina, todos nascidos em Areia com excessão de Paulo.
Otacílio faleceu no Rio de Janeiro em 27 de dezembro de 1954, na residência de seu genro Dr. Leandro Maciel, senador por Sergipe. 

Pesquisa de Antônio Carlos Teixeira


domingo, 4 de dezembro de 2016

Irmãs Franciscanas

No dia 22 de maio de 1937, partiram da Alemanha com destino a Areia seis irmãs Franciscanas com o objeto de assumirem as atividades educacionais no colégio Santa Rita.

    Madre M. Ildefonso Strauss. 
Nasceu em Erlasee na Baixa Frankonia. No colégio lecionou álgebra, matemática, inglês, francês, e história geral. 

Madre Urbana Shöberl
Natural de Shierbing, Baixa Baviera. Antes de chegar em Areia era padeira do internato Marista de Ilbertissen. Se tornou a primeira cozinheira do colégio Santa Rita.

Madre M. Trautlinde Frischholz
Professora de trabalhos manuais em Weiner. Em Areia ensinou trabalho manuais em todos os cursos que o colégio oferecia. Ela foi uma das irmãs que mais marcou a vida das jovens carentes de Areia. 

Madre M. Iluminaris Allger.
Natural de Steibis. Chegando em Areia se tornou diretora do colégio, além disso, ensinou matemática, ciências, geografia, e educaçãofísica. 

Madre Maria Venantia Schumacher
Nasceu em Munich. No colégio de Areia se dedicou a música, ensinando piano, harmonia e acordeon. 

Madre Floresia Kirchmayer 
Foi a Madre Superiora ente junho de 1937 a fevereiro de 1939, quando foi transferida para o Rio de Janeiro. 

Chegada do primeiro carro em Areia

Em 1917 entrou em Areia o primeiro automóvel, depois de ter briosamente subido a Borborema. Era um Ford de segunda mão, adquirido por José Moreira e seu irmão Horácio Moreira na praça do Recife. Os irmãos Moreiras embarcaram a preciosa carga no trem da Great Western, retirando-a na estação de Alagoa Grande. Aí, então, começou a odisséia de uma curta e tormentada caminhada. Com alguns trabalhadores braçais dentro do calhambeque, todos munidos de pá, enxada e picareta, os próprios arganautas de calças arregaçadas, conduzindo, empurrando, cavando estrada, venceram em três dias a interminável distância de três léguas. Mas em chegando à rua da Gameleira, a fubica desenfreou com bizarria pelos quatros cantos da cidade. Era o progresso que entrava fonfonando em Areia. Entrou, mas não se deu bem no lugar, porque saiu logo, pela linha do oeste, em demanda do sertão.

Horácio de Almeida.

Obs: a imagem é ilustrativa, todavia foi exatamente um carro desse modelo que os irmãos Moreiras trouxeram pra Areia. 


Série: Prefeitos de Areia

2° prefeito - José Cabral de Vasconcelos Filho.
Prefeito de Areia entre 1896 a 1900. 

José Cabral de Vasconcelos Filho nasceu em Areia no ano de 1832, filho do casal José Cabral de Vasconcelos e Cândida Oliveira Vasconcelos. Durante a juventude conheceu a jovem Maria Madalena de Albuquerque Pessoa, com quem casou-se. Do casamento nasceram o seguintes filhos: Jose Cabral de Vasconcelos Neto, Adelgício Cabral de Vasconcelos, Juventino Cabral de Vasconcelos e Cândida Cabral de Vasconcelos.
João Cabral militou  politicamente no Partido Liberal durante o Império, cujo chefe em Areia era Dr.  João Lopes Pessoa da Costa, sogro do seu filho Jose Cabral Neto.
Na República ingressou em 1892 no Partido Autonômista, chefiado por Venâncio Neiva. Em 1895 aderiu ao Partido Republicano comandado por Alvaro Machado, após o rompimento do mesmo com Dr. Cunha Lima.
Em 22 de abril de 1895, foi eleito para o Conselho Municipal (Câmara). Em 24 de dezembro de 1895, foi nomeado interinamente para o cargo de prefeito de Areia, assumindo em 03 de janeiro de 1896, substituindo Dr. Jose Elias Ávila Lins, sendo efetivado em 1897, e permanecendo no cargo até o início de 1900.
Foi em seguida eleito para o Conselho municipal [1901-1904], sendo eleito presidente em 1902, e reeleito em 1903. Depois de deixar sua marca registrada na história política de Areia faleceu em 25 de junho de 1903.

Pesquisa de Antônio Carlos Teixeira.


sábado, 3 de dezembro de 2016

Em 1930 o coronel Francisco de Assis Pereira de Melo, firmou contrato com a firma White Martins para comprar uma usina objetivando aproveitar as condições de produção da cana-de-açúcar no Município de Areia. 
Em 1931 a usina foi inaugurada, com um maquinário vindo da Inglaterra. Depois da morte do coronel (1936), a Usina Santa Maria passou a ser dirigida por seus filhos e herdeiros. Em 1952 a Usina foi adquerida pelo industrial Solon Lira Lins. Em 1964 ela foi transformada em sociedade anônima recebendo diversas melhorias. Na década de 1970 a usina foi modernizada com os incentivos do PROALCOOL. Com o fim do programa em 1980 a usina entrou em declínio, levando consigo vários engenhos tradicionais.

Série: Prefeitos de Areia

1º Prefeito de Areia - José Elias Dávila Lins.
Prefeito entre 5 de junho a 24 de dezembro de 1895.

No ano de 1851 nascia, em Areia, o filho do Coronel Remigio Veríssimo Avila Lins e de Maria Carolina Augusta de Albuquerque que receberia o nome de José Elias Dávila Lins. Desde cedo o pequeno José Elias havia se acostumado com o ambiente político/militar da família já que era filho de um coronel e neto do Capitão- mór Bartolomeu da Costa Pereira. Todavia se interessou pela medicina, formando-se no Rio de Janeiro em 1883.
Com o diploma em mãos foi trabalhar no Amazonas, retornando para cidade natal só em 1894. Chegando em Areia passou a exercer sua profissão ao mesmo tempo em que entrava firme na politica, influenciado pela história familiar, fazendo oposição a Dr. Cunha Lima.
Em 06 de março de 1895, diante de uma oportunidade de vaga surgida na Assembléia Legislativa foi eleito deputado estadual. Com a criação dos cargos de prefeitos, foi nomeado prefeito de Areia pelo presidente do Estado Álvaro Machado em 25 de maio de 1895, assumindo o cargo em 05 de junho. Em 13 de novembro de 1895 tave que se licenciar do cargo de prefeito, pois assumiu o cargo de Inspetor de Higiene do Estado (Secretário de Saúde). Foi exonerado do cargo de Prefeito em 24 de dezembro de 1895. Por problemas de saúde pediu afastamento do cargo de Inspetor de Higiene do Estado em 1900.
Faleceu em 1901 aos 50 anos de idade, deixando viúva Maria Hosana de Albuquerque e nove filhos.

Fonte: Antônio Carlos Teixeira. 





sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Feira

A cidade dormia durante a semana e acordava no sábado com outro aspecto e outro cheiro. Muita gente vindo pela rua do Sertão e o Beco do Jorge. Desse lado chegava senhores de engenho, importantes, como uma casta. Os animais ficavam na cocheira. Por falta de mercado, vendia-se tudo ao ar livre, chovesse ou fizesse sol. Só havia barraca para miudeza. O queijo do sertão, exposto ao sol, suava manteiga. O saco de farinha começava erguida,  acabando de cócoras. Para prova-lá o freguês enchia a mão e sacudia um punhado na boca. Pedia-se para experimentar uma isca de queijo, uma fruta, uma pele de fumo.  A carne-de-sol eram mantas tão pretas que já pareciam assadas. Fieiras de peixes, eram magras, como folha seca, pele e espinha. Toicinho, metade sal, metade porco, faria parte da feijoada, e banha servia para o guisado ou o cabelo. Tripa seca era comida de pobre. A feira de frutas parecia um hotel, comendo-se ali mesmo e deixando-se as cascas no chão. Rolos de fumo lembravam cobras pretas meladas de veneno. Cegos de toda a redondeza faziam ponto na feira. Areia era um celeiro, custando tudo pouco mais ou nada.

José Américo

Praça Central

Em 1966 na administração de Elson Cunha Lima o antigo coreto - construído na gestão de Jaime de Almeida - foi derrubado e construída uma nova praça (imagem). Isso foi motivo de muitas criticas, pois estava em desacordo com a arquitetura antiga da cidade. Em 1988 o prefeito Tião Gomes iniciou a reforma da praça, sendo derrubada sua estrutura. O projeto com o aval do Patrimônio Histórico previa a construção de um coreto semelhante ao antigo, mas somente na gestão de Ademar Paulino em 1989, foi feita e concluída a praça.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Usina Santa Maria

Em virtude da grande oportunidade surgida em 1929, para os implantadores de indústrias, foi que os empresários areienses começaram a adquirir os primeiros maquinismos para o parque agro-industrial de Areia, que ainda naquela época era constituídos apenas de engenhos movidos a locomóveis.
Em 1930, embora tivesse como entrave a Revolução encabeçada por Washington Luís e seus adébitos, pensou o coronel Francisco de Assis Pereira de Melo, areiense de grande visão, em montar uma usina para para aproveitamento das condições de produção da cana-de-açúcar no Município de Areia.
Naquele mesmo ano o eminente empresário, firmou contrato com a firma White Martins, para compra de uma usina completa, pela quantia de 800 contos de reis, cujo pagamento seria efetuado pelo comprador da seguinte maneira: metade no ato da compra e o restante com o funcionamento da usina. A maquinaria, que foi trazida da Inglaterra para Cabedelo, foi adquirida junto à firma The Mirless Watson Co Ltds Enginers.
O coronel empenhou-se de tal maneira para obeter o conjunto industrial açucareiro para Areia, junto aos representantes e aos fabricantes, que após ter gasto suas reservas com as tarifas alfandegárias, e com despesas de transporte, preparo de estradas e compra de insumos necessários para a montagem da usina; não contando com nenhuma ajuda financeira, viu-se obrigado, pela sua força moral, a hipotecar alguns de seus bens (terras e engenhos) à firma S. A. White Martins, através de um contrato da usina com direito a explorá-lá. Diante de tais circunstâncias a White Martins enviou para Areia um engenheiro inglês chamado de Kook, o qual foi encarregado dos trabalhos de montagem da usina, tendo ele sido assistido nos erviços pelo mecânico Luis Alves da Costa.

Em 1931 a usina foi inaugurada tendo como um de seus primeiros dirigentes o próprio técnico de montagem. O coronel Francisco de Assis, após sentir-se extenuado, não podendo mais concluir sua empresa, vendo-a fortemente explorada, abalando ainda mais sua condição física, retirou-se para a capital do Estado, onde veio a falecer em 1936. Depois da morte do coronel, a Usina Santa Maria passou a ser dirigida por seus filhos e herdeiros. Em 1952 a Usina foi adquerida pelo industrial Solon Lira Lins. Em 1964 ela foi transformada em sociedade anônima recebendo diversas melhorias. Na década de 1970 a usina foi modernizada com os incentivos do PROALCOOL. Com o fim do programa em 1980 a usina entrou em declínio, levando consigo vários engenhos tradicionais.