quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Praça 3 de maio

Se circulava um boato, passava pela farmácia, era discutida numa esquina e iria parar na praça 3 de Maio, a mais faladeira, à calçada de um sobrado, como um jornal falado. Arrolavam os fatos do dia e muita coisa era soprada, num cochicho que queimava o ouvido. Não passava de pequenos casos corriqueiros, sem calúnias, a mentira envenenada.

Em virtudes das chuvas e do frio, as pessoas permaneciam mais dentro de suas casas em intermináveis conversas, onde se falava de tudo, das glórias do passado, comentavam sobre os negócios, a moda, da vida alheia e discutiam os problemas do presente e os planos para o futuro.

As noites escuras, iluminadas apenas pelos candeeiros, eram dedicadas ao jogos de baralho, palavras cruzadas, histórias de alma penada, lendas do folclore da região. E, nas noites de lua, chegavam os cantadores de viola, que com seus vários tipos de cantorias mexiam com os sentimentos das pessoas e fortaleciam as raízes nordestinas.

Dessa forma, no início do século XX, a vida corria em Areia, tranquila, com poucas diversões, mas, sem as grandes preocupações, stress ou angústias dos dias atuais. Os hábitos eram metódicos, repetiam-se por muitos anos. 



Um comentário:

  1. Lembro muito dessa época! Ocasião em que meu pai José Antonio, reunia-Se com alguns amigos na sua "bodega", a noitinha para o jogo(sem fim lucrativos) de baralho. Saudade@

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