segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A música salvou o Teatro Minerva da destruição

Em 26 de novembro de 1874 a velha cidade, Areia, recebia a invasão de centenas de sediciosos armados, sob o comando de Alexandre Viveiro, célebre nos anais do crime e com acentuado entusiamo de anunciar tragédias. Dias antes, no entanto, Cleodon Clementino, um dos indicados como líder da chamada Sedição do Quebra-Quilos, estivera em Areia para aconselhar a população a receber os revoltosos com foquetes e girandolas, o que foi feito para aplacar a ira da turba, embora no interior dos lares houvesse tristeza e silêncio. Em Areia e outras cidades do interior paraibano, os insurretos cometeram os mais impetuosos atentados ao patrimônio local, notadamente em Campina Grande, Fagundes, Bananeira, Cabaceiras, Ingá e Alagoa Nova. Em Areia, foram saqueadas as lojas de maior importância, a Coletoria, a Cadeia Pública, o Cartório e a Câmara Municipal. Os amotinados procuraram, até o local onde se achava sepultado o corpo do juiz de direito de Areia, Dr. Araújo Barros, para exumar-lhe os restos mortais e incinerá-los, pelo fato de ter sido ele maçom. “Por uma trágica coincidência, no mesmo momento, outros atentavam contra a incolumidade do Teatro, quebrando a moldura, e rasgando o retrato do Imperador, despedaçando lampiões estilhaçando vidros, candeeiros e ameaçando demolir o edifício, sob o pretexto de ser o mesmo casa de maçonaria. Na tentativa irrealizada da derrubada do Teatro, o major Lelis Pontes, que entrara ostensivamente à frente dos amotinados, os demoveu do criminoso intento, prometendo-lhes que veria vir a Banda de Música local para os distrair. Para tal foi convidado o Capitão Cândido Fabrício do Espírito Santo tabelião e professor de música, para se apresentar com a banda a fim de entreter os populares. Eis como foi composta a Banda de Música para o prazer dos sediciosos”.
Dizem os antigos habitantes de Areia que a música salvou o Teatro da destruição total, ante a fúria incontida dos revoltosos do Quebra-Quilos. Os amotinados dançaram e cantaram ao som da Banda Plenix Musical de Areia, em frente ao Teatro, onde a música exerceu forte contingente de despistamento emocional em detrimento do objetivo já iniciado: a demolição do edifício do Teatro.

Obs: essa foto é mais antiga do Teatro que se tem notícia. 

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